Outubro é o mês oficial de falar sobre a prevenção do câncer de mama

Mulheres em Foco

Outubro é o mês oficial de falar sobre a prevenção do câncer de mama – Vilma Breda, 37 anos, moradora de Santa Rosa de Viterbo, interior de São Paulo, tem uma história para contar, que serve de alerta para todas as mulheres!

Vilma Breda, 37 anos

O primeiro sinal

Ela tem apenas 37 anos, é casada e tem dois filhos pequenos. Nossa guerreira é professora e pioneira em um projeto de Educação Ambiental, onde todo lixo reciclável ganha uma nova vida. Este projeto ganha, a cada dia que passa, cada vez mais visibilidade dentro e fora do município. Mas, enfim…

Vilma descobriu um câncer no seu organismo tomando banho, quando sentiu um pequeno nódulo na mama esquerda. Ela nos contou, nessa matéria, sobre a demora em procurar o médico especialista, acreditando que não era nada grave, como está reagindo ao tratamento, e nos falou também sobre sua fé, gratidão e determinação neste momento.

Precisei raspar a cabeça, mas brinco com os lenços

“Faço acompanhamento ginecológico, mas nunca tinha feito mamografia. Em março deste ano, tomando banho, senti um pequeno caroço no seio esquerdo. Na hora, ainda comentei com meu marido, que fazia um ano que havia parado de amamentar meu filho, que poderia ser “leite parado”. Meu filho caçula tem 2 anos e meio. Eu achei que poderia ser sobra de leite materno empedrado. Então, procurei um ginecologista”

Quando Vilma procurou a médica ginecologista, durante o exame, a profissional já antecipou que não se tratava de leite “empedrado” e pediu um ultrassom. Chegou o resultado, e segundo Vilma, a doutora informou que o exame mostrou muitos nódulos.

“A médica foi bem tranquila, mas disse, que eram muitos nódulos, uma coleção, nos dois seios. E o nódulo palpável já estava com 1,5 centímetros. De qualquer forma a médica disse que o.diagnóstico sugeria benignidade, que iríamos acompanhar a cada 6 meses e que se eu percebesse algo diferente neste período, algum incomodo, deveria procurar um mastologista, especialista da área. Dito e feito, nódulo começou a incomodar no mês seguinte e senti aumentar de tamanho. Procurei um mastologista”

Tratamento – Quimioterpia

O crescimento rápido do nódulo

A professora contou que além do nódulo aumentar de tamanho, a axila começou a mudar de cor, as vezes ficava rosada, as vezes meio roxa e também começou a doer. Foi aí que me deu um “click” que teria algo errado. Marquei o mastologista, mas ele desmarcou a primeira consulta e pra mim tudo bem, marquei pra outro dia a consulta e fui. Neste dia ele já examinou, fez ultrasson e o nódulo já estava com 3,5 centímetros. O médico se mostrou preocupado e pediu a biópsia”

E lá foi a Vilma pra biópsia. Ela comenta que durante a biópsia ela foi perguntando para o médico sobre o que ele achava, e ele disse que aparentemente parecia tudo bem, mas que precisava, de fato, aguardar o resultado do laboratório e levar o laudo ao médico. Vilma nos disse que a maior preocupação era a vida muito corrida que tinha e que falou para o médico que não queria parar pra fazer uma cirurgia.

Vida corrida…

“Tenho 2 filhos pequenos, meu marido, minha família, trabalho como professora e estou a frente de um projeto de educação ambiental, que é algo que é um sonho e acredito como uma grande missão, então, não queria parar pra fazer uma cirurgia. Mas, a gente não sabe de nada mesmo, né? E eu tive que parar pra me cuidar porque a próxima notícia foi a que mais impactou a minha vida. Saiu o resultado da biópsia e mandaram direto para o consultório do médico. A secretária me ligou pra marcar o retorno e disse que o médico não passava laudo por telefone. E, sinceramente, eu não queria nem ver o resultado, acreditava que era benigno e pronto. Nunca passou pela minha cabeça que eu poderia ter uma doença maligna. Como eu sempre estou preocupada com as crianças, marido, trabalho, eu nunca tenho tempo pra mim, e achei que tudo bem esperar. Esse foi meu grande erro”

Outubro Rosa – prevenção!

O resultado da biópisia

O resultado saiu em maio, mas Vilma marcou o retorno só para as férias de julho, mesmo a secretária tendo datas anteriores disponíveis. Ela nos disse que acreditou que por julho ser mês de férias, seria o tempo que ela teria pra ver essa situação mais tranquilamente, sem prejudicar sua rotina.

“Fui para Ribeirão com a família, toda feliz, primeira semana de férias, e fui na consulta. Cheguei no consultório e o médico já estava com os papéis em mãos e me perguntou o que eu estava fazendo lá só naquele dia. E porque eu não tinha ido antes. Expliquei pra ele minha vida corrida e que deixei pra ir nas férias, porque foi o dia que deu. Nesse momento ele percebeu minha inocência na situação, achando que não era nada e me disse que eu estava com um tumor invasivo”

Como assim? Câncer?

Foi então que a mãe de família, esposa e professora levou um primeiro susto e questionou do que se tratava. O médico reafirmou e deixou claro que Vilma tinha um câncer maligno e que teria que tratar urgentemente.

“Apesar do choque do diagnóstico, eu respirei e segui na consulta. Falei para o médico que tudo bem, então, mas que eu não queria fazer uma cirurgia agora, mas, já que talvez fosse necessário, questionei quando seria a cirurgia. Porque eu, achando que sabia de tudo, a cirurgia seria a solução. Foi ai que veio a segunda notícia bomba. Não dava mais pra fazer a cirurgia, o tumor havia crescido demais”

O médico explicou pra Vilma que naquele momento não dava mais pra fazer a cirurgia, ela demorou para o retorno, então Vilma teria que fazer primeiro a quimioterapia pra redução do tumor, e só depois a cirurgia.

“O médico me disse que os próximos seis meses, após o início do tratamento seriam cruciais pra minha vida. A hora que ele falou essas palavras a lágrima rolou, o chão abriu e aí caiu a ficha de que eu tinha uma doença complicada e que eu teria que parar tudo pra me cuidar. E foi o que fiz, tirei o pé do acelerador. Pensei, quero viver e cuidar dos meus filhos e dos meus projetos”

Julho – o pior mês da vida de Vilma

Era uma sexta-feira, e segundo Vilma, o médico disse que ela não voltasse pra casa sem dar entrada no oncologista, pedir a histoquimica pra saber o tipo do tumor, a agressividade, o grau, o tratamento.

“Foi o pior mês da minha vida. Além do impacto da notícia, foi uma correria contra o tempo, muitos exames, quase pirei quando chegou a notícia que o tipo de câncer que se instalou no meu seio é o tipo mais agressivo, ele não reage a nenhum tipo de proteína e nenhum tipo de hormônio, a taxa de proliferação é muito alta, cerca de 70%. No final do mês de julho o tumor chegou a 9,5 centímetros e já tinha se ramificado pra axila que já estava com 1,5 centímetros. Comecei o tratamento pelo meu convênio, em Ribeirão Preto, que é uma quimioterapia por semana. Fiz a sétima essa semana. Na hora é difícil, a medicação é muito forte, fico tonta, depois passo mal. Durante esse tempo as veias ficaram mais fracas e vou ter que implantar um cateter pra facilitar. Vai dar certo. As veias podem estar fracas, mas eu estou confiante, porque creio que faz parte do processo e estou forte no propósito da cura”

Tratamento e fé

Vilma demonstra uma enorme força, uma fé inabalável. Diz que nem de longe foi e nem está sendo fácil, mas ela sentiu no coração a vontade de contar a sua história através do Jornal Cidade em Foco Online e tomou a iniciativa de entrar em contato para que essa matéria possa ajudar outras mulheres sobre a importância da prevenção, do diagnóstico rápido e de não subestimar essa situação. Vilma entendeu que a saúde deve estar em primeiro lugar.

Dias difíceis

“Os primeiros dias foram muito difíceis, mas hoje, graças a Deus, eu já consigo entender o que aconteceu comigo. Fiz exame genético e foi constatado que não é genético, não tenho casos na família. O que aconteceu comigo foi fruto das minhas escolhas. Eu estava dormindo quase meia noite e acordando as 3 e meia da manhã. Acredito que meu corpo não aguentou. Eu achei que primeiro os outros, primeiro o trabalho e depois eu resolveria a saúde. Subestimei, mesmo que na inocência, uma doença grave. Em nenhum momento fiquei revoltada com Deus, minha fé me diz que é momento de aprendizado e de ressignificar a vida. Eu creio que já deu tudo certo, apesar da minha demora, eu creio que Deus já está me dando uma segunda chance”

Projeto de Educação Ambiental

A nossa entrevistada conta que após as sessões o tumor já reduziu de 9,5 centímetros para 3,5 centímetros, o que é uma vitória, sinal que os medicamentos estão surtindo efeito.

“Eu acredito que o sucesso do tratamento está diretamente ligado a encarar essa fase de cabeça erguida, orando, com apoio de amigos, familiares e até de pessoas que não conheço e soube que estão orando por mim. Então, eu só tenho a agradecer, eu tenho o compromisso de acreditar que Deus está no comando e que está agindo na cura que tanto peço”

Vai ficar tudo bem

Vilma diz que as vezes passa mal, como previsto após as sessões, mas que tem encarado como parte do processo. Que nas duas primeiras semanas ficou de cama, precisou até tomar soro, mas a cada dia que passa se sente mais forte e preparada para a luta contra a doença.

“Na quarta sessão meu cabelo caiu quase que todo e eu resolvi raspar toda a cabeça. Resolvi também que minha autoestima não seria afetada, então comprei vários lenços e cada dia uso um combinando com as roupas. É assim que quero encarar, com energia positiva. E tem dado certo. Ter minha família e meus filhos por perto tem sido a maior benção. O amor que temos nos filhos cura qualquer doença. Posso estar com mal estar, se meus filhos chegam perto, me distraio com eles e quando vejo já estou bem. É a força do amor, é Deus agindo, e a gente querer muito a cura”.

Vilma agradece a todas as orações, disse que está muito confiante e termina essa entrevista com uma reflexão positiva.

Vilma e seus filhos

Reflexão

“Se cuidem, façam os exames preventivos, caso descubra alguma doença, não se lamente, procure ajuda profissional rapidamente, vibre positivamente, ore, acredite que vai ficar tudo bem, agradeça o processo e a oportunidade de aprendizado. Eu continuo cuidando da minha família e com o projeto de educação ambiental, na medida do possível, porque me dá muito ânimo e assim consigo seguir. Mas, agora, a saúde está em primeiro lugar. Entendi que se a gente acelera demais e não para, a vida para a gente. Se cuidem, se previnam, obrigada por todo apoio, por tanto carinho, por tanta energia boa. Deus abençoe a cada um que leu até aqui. Gratidão”, concluiu.

#outubrorosa

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