A mãe atípica em Foco! A emocionante história de amor e luta de uma mãe pelo seu filho diagnosticado com espectro autista!
O nome dela é Claudineia
O nome dela é Claudineia Ribeiro, tem 35 anos, e é mãe do João, de 13, diagnosticado com espectro autista aos 3 anos e 9 meses de idade. Essa mãe nos conta que o diagnóstico do João foi tardio, que ela já sabia que seu filho era diferente, mas não tinha um diagnóstico. Até que um dia, depois de passar por vários médicos, começou a assistir uma série de reportagens, apresentadas no Fantástico, sobre o diagnóstico do espectro autista.
“Eu vi todas as reportagem no Fantástico, em 2013. Era uma entrevista, gravada em episódios, onde o Dr. Drauzio Varella, apresentou o Dr. José Salomão Schwartzman, que é conhecido como uma das maiores autoridades na área do espectro autista. Eu fiquei em estado de alerta, já havia levado o João em vários médicos, inclusive em um neurologista, porque ele apresentava algumas características que os médicos destacaram na matéria. Acompanhei todos os episódios dessa série sobre o autismo e percebi a necessidade de buscar ajuda mais especializada, pois ali percebi que o João precisaria fechar um diagnóstico e, se caso fosse confirmado o espectro autista, o meu filho precisaria de apoio especializado urgente”, disse.
A solidão da mãe atípica
Claudineia conta que durante um período de sua vida sentiu-se muito perdida porque os médicos falavam que o filho dela não tinha nada, que criança tinha seu tempo, mas ela percebia nitidamente que ele não era igual as outras crianças.
“Escutei muitas coisas, inclusive que a culpa era minha, que estava mimando o meu filho, que tinha que colocar na escola. Coloquei. Aí escutei que eu tinha colocado meu filho muito cedo na escola, então tirei. Depois ouvi a opinião de outro médico, disse que eu tinha que deixar ele conviver com outras crianças, voltar ele pra escola. Voltei. Fui fazendo tudo no automático, o que os profissionais da saúde recomendavam, mas na verdade eu via que o João não acompanhava as crianças da mesma idade e meu coração de mãe sabia que o João era diferente. E o mais importante, eu queria educar o João, percebia os limites, mas queria respeitar que ele tinha as vontades dele também”, falou.
Claudineia – a mãe de João!
Claudineia relata que chegou um momento que entendeu, de fato, que existia algo muito complexo e diferente em seu filho, e que era ela, sim, que precisava lutar por seu filho e por si mesma, pela vida e pela felicidade dos dois.
“Na verdade eu descobri que não havia outra opção para minha vida, eu não podia mais ser mulher, profissional, amiga, filha, naquele momento não podia ser mais nada. Eu era apenas a mãe do João. Entrei em desespero, não tive tempo de sofrer naquele momento, entrei em ação e fui atrás de tudo que ele precisava naquela fase. Foi muita porta na cara, muito tombo, muita frustração, muitas lágrimas, muitas noites sem dormir, uma angústia que parecia que não ia ter fim. Eu digo que nem foram baldes de água fria e sim baldes de água fervendo, porque dói você não conseguir ajudar o seu filho sozinha, você precisar de ajuda do poder público, de profissionais, de amigos, de família, de rede de apoio e, simplesmente, não ter. É você, o seu filho e a exaustão. E, por amor, você consegue simplesmente seguir, mesmo que sentindo-se impotente e incapaz na maioria dos momentos”, relatou emocionada.
Convivendo com o espectro
Claudineia é uma estudiosa do espectro autista, é uma mulher que sabe muito sobre o assunto, viveu e vive na pele a convivência com a pessoa autista. Por isso, ela luta tanto. Hoje ela pede pela inclusão, pelos direitos, pelo olhar mais atento do poder público para essas pessoas e para essas famílias. Atualmente, o espectro autista tem níveis de suporte, 1, 2 e 3. Segundo Claudineia, o João encontra-se entre o nível 2 e 3.
“A família do autista precisa lutar contra o tempo, porque existe uma poda neural natural no ser humano, por isso no caso do autismo é muito importante o diagnóstico precoce, para que antes das podas neurais os estímulos sejam feitos de forma adequada para que cada pessoa diagnosticada com o espectro autista tenha um desenvolvimento esperado para a idade. Em todos os níveis, as pessoas com autismo precisam de suporte. No caso do João são vários tipos de auxílio para que ele tenha maior autonomia possível”, falou.
E o futuro do João, Claudineia?
“Existe um avanço nos estudos científicos em relação ao autismo. Acompanho tudo que posso. Mas, em relação ao futuro do João, eu não penso muito. Eu vivo o hoje com o João, ele teve sim, avanços, mas os desafios são diários. Eu entendi que o futuro a Deus pertence e entrego a Ele, porque já pensei muito nisso, já sofri muito, já entrei em depressão, já pensei que morrer seria melhor, já me senti tão incapaz, mas tão incapaz, que achava que se eu morresse o João poderia encontrar uma mãe melhor, que conseguisse o que não tinha conseguido, mas com fé em Deus, por amor ao meu filho e por acreditar que cada um tem sua missão nesse mundo, eu levantei, e hoje estou aqui, de pé, na luta pelo João e por todos os autistas e seus familiares. Essa é minha missão enquanto viver”, relatou.
A união faz a força!
E, para finalizar e para acalmar um pouco o coração das mães e pais atípicos, Claudineia afirma que uma hora, por mais que existam as dificuldades, os pais precisam entender que precisam passar pelo processo para chegar ao equilíbrio. Unir-se a pessoas voltadas a mesma luta faz toda a diferença.
“Chegar ao equilíbrio emocional não é fácil, aceitar o diagnóstico do seu filho é extremamente necessário para que ele se entenda como um ser humano, que é algo além das dificuldades. Ele também tem seus dias bons e seus dias ruins. Enquanto eu existir eu vou estar aqui para o meu filho e para falar sobre o autismo, porque enxerguei a minha missão de vida que é conviver com o autismo, falar sobre o autismo, aliviar familiares, dizer que não estão sozinhos e fazer valer os direitos dessas pessoas, para que sejam respeitadas e tratadas como os seres humanos incríveis que são”, disse a mãe do João.
Evento em Santa Rosa de Viterbo
Claudineia Ribeiro está envolvida na causa do espectro autista em Santa Rosa de Viterbo, cidade do interior de São Paulo, e neste domingo (07/04/2024), com ajuda de outras mães atípicas, promoveu o 1°Encontro da Comunidade TEA em Santa Rosa de Viterbo – ComTEA SRV.
O encontro reuniu cerca de 30 crianças e adolescentes autistas. Entre os presentes também estiveram no encontro, pais, mães, familiares, terapeutas e professores de autistas, além de pessoas que também se interessam e buscam colaborar com a causa.
“A intenção do encontro foi reunir nossas crianças, adolescentes e famílias que vivem e convivem com espectro autista, para que possamos cada vez mais nos fortalecer na alegria de sermos uma comunidade que precisa lutar, mas que precisa unir-se, dar as mãos, precisa de momentos alegres também. Foi um momentos de lanchinhos, brincadeiras, dança, bate-papo bom, muita interação. Quando nos unimos e nos identificamos através dos mesmos desafios e podemos segurar uns nas mãos dos outros a caminhada fica mais leve. Gratidão a cada pessoa que compareceu. A luta segue. Um dia de cada vez. O amanhã a Deus pertence”, finalizou.